Resposta ao artigo “Unimed: vamos para o Uniflex”?

Não me agrada perder tempo com as “análises” do professor Carlos Soares, mas não posso deixar de expressar minha indignação com o que ele escreve no último Boletim da Apufsc. 

É uma vergonha que o referido professor venha a publico mais uma vez para desqualificar o atual presidente da Apufsc por suas iniciativas. É por isto que o professor Armando Lisboa recebeu abaixo-assinado de apoio com mais de 600 assinaturas de professores, enquanto ele…

Quero repudiar ter sido apresentado, de forma envergonhada, como “ex-funcionário da Unimed”. Nunca fui funcionário da Unimed nos meus vinte anos como médico. Prestei uma consultoria por três meses em 1999, exatamente para orientar sobre a adaptação da operadora a lei 9656/98 (que regula o mercado de saúde suplementar).

O professor em seu artigo poderia ter dito que trabalhei três anos na implantação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (como gerente geral de integração com o SUS, cobrando o ressarcimento das operadoras privadas ao SUS!). Ou que fui secretário adjunto da saúde de Joinville, uns dos primeiros municípios brasileiros com gestão plena do SUS. Ou membro do Conselho Estadual de Saúde de Santa Catarina. Ou o primeiro coordenador do Programa de Saúde da Família em Santa Catarina. Ou diretor de planejamento do programa nacional de Aids do Ministério da Saúde. Ou diretor de hospital público em São Paulo. Ou administrador hospitalar concursado da Secretaria de Estado da Saúde de SC. Ou coordenador da implantação de 150 equipes do Programa de saúde da família em favelas do complexo do alemão e da zona oeste do Rio de Janeiro.

O professor Carlos prefere se fixar num detalhe de meu currículo para desqualificar o serviço técnico que tenho prestado a Apufsc. Quero esclarecer que fiz, a pedido do professor Armando,  projeto de extensão para implantar sistema de acompanhamento do plano de saúde dos professores da UFSC em dezembro do ano passado, e o mesmo foi aprovado pela diretoria da Apufsc. 

Não sou brilhante, como ironizado pelo professor Soares, e peço respeito. Tenho duas especializações na USP, dois mestrados e dois doutorados (na EAESP/FGV e na ECO/UFRJ), e não mereço este tipo de ataque ensandecido do colega do departamento de bioquímica.

Não estava aqui para poder opinar sobre os detalhes no processo de renovação do contrato com a Unimed nos anos passados, mas vi o resultado: um contrato com reajuste de prêmios semestrais, e com compras sucessivas do déficit da “sinistralidade”. Digo sem medo que foi burrice perpetuar o déficit crescente (e que representa mais da metade do atual índice de reajuste no contrato com a Unimed!). Quem quiser ver com os próprios olhos, pode olhar na área exclusiva dos professores no Observatório da Saúde (www.observatóriodasaude.ufsc.br).

Cabe mais uma vez o esclarecimento: a migração para planos regulados é uma imposição do marco regulatório do setor de saúde suplementar!

É mentira (ou má-fé) dizer que isto interessa apenas a Unimed! 

Há que se admitir que o plano antigo (e não regulado!) não incorpora as novas tecnologias médico-hospitalares! Um dos maiores benefícios do plano regulado é exatamente o acesso ao rol de procedimentos determinado pela Agência de Saúde Suplementar. Não interessa se o nome é uniplan, uniflex ou uniqualquercoisa. O que interessa aos beneficiários é se tem ou não acesso ao rol! 

Querer, como quer o professor Carlos, defender os beneficiários de planos de saúde apenas com o Código de defesa do consumidor é de uma obtusidade ímpar. Se o Código do consumidor fosse suficiente, não haveria regulação de mercado! 

Sei que falar em mercado ofende quem gostaria que fôssemos para o SUS, enfrentar a mesma situação dos cidadãos nordestinos na porta de hospitais públicos fechados.

Sobre a Geap, disse e reafirmo: é uma temeridade fazer contrato com uma operadora em que um em cada dois beneficiários tem mais de sessenta anos. Não falar do desequilíbrio estrutural da carteira desta operadora privada é desonesto!

Em relação ao “risco moral” dos beneficiários comprarem um “seguro de saúde” e usarem como “serviço de saúde”, ele existe. A solução não está nem no plano regulado, nem no plano não regulado, mas em mecanismos moderadores. 

O principio do mutualismo é ferido neste quadro onde alguns usam abusivamente o plano contratado. Pagar uma franquia pelo uso pode minimizar esse “risco moral”. 

Sobre a qualidade da pesquisa de opinião dos professores da UFSC, é curioso que o professor Carlos Soares venha agora questionar a mesma. Ele foi presidente da Apufsc e nunca fez qualquer pesquisa sobre a opinião dos professores. Os meios existiam, mas não foram usados. A pesquisa não tinha a pretensão de ser “científica”, nem exaustiva! Quero destacar a pergunta que é realmente importante na pesquisa: você quer ter um plano privado de assistência à saúde? A resposta esmagadora dos 315 professores participantes foi: queremos! Isto não podem refutar.

Não consegui entender a avaliação de que a pesquisa está sendo usada para divisão na Apufsc. Os alfabetizados sabem que os problemas na associação são outros, mais graves e profundos.

Cabe dizer ainda que na ultima reunião que tivemos com a Unimed, em 30 de agosto, o advogado contratado para assessorar neste assunto fez todas as sugestões que quis e tudo, rigorosamente tudo, foi acordado entre as partes. Fiz questão de perguntar ao advogado da Apufsc no final do encontro se ele estava satisfeito com os termos do contrato, e ele afirmou que sim.

Finalmente, gostaria de destacar que todos os contratos discutidos estão disponíveis para consulta dos professores no Observatório da Saúde, inclusive as propostas da operadora Agemed. Estão lá também relatórios financeiros e operacionais do contrato com a Unimed. Tudo isto é bem melhor do que antes, quando apenas meia dúzia sabia o que realmente estava acontecendo em relação ao plano privado de saúde.