Desde que decidiram que a questão Unimed deve ser mais um dos fatores para promover a divisão interna dos sindicalizados, com objetivos que certamente a grande maioria dos mesmos não está conseguindo entender, somos obrigados a gastar tempo e energia que poderiam ser canalizados para enfrentar problemas que estão aí para redefinir o trabalho docente e o próprio caráter da nossa Universidade. O artigo publicado no penúltimo boletim da Apufsc sobre a pesquisa de dados do Plano Unimed já merecia uma crítica. Porém, para não “botar mais lenha nesta fogueira” e para não servir de substrato para a farsa que foi cuidadosamente montada, cujo título é “estão tentando me tirar da presidência” (e que também a maioria dos sindicalizados não está conseguindo entender o porquê da campanha), eu preferi não me manifestar. No entanto, não há como não responder ao artigo do último boletim (607), artigo tendencioso, oportunista, desleal porque cheio de mentiras e que tenta induzir os sindicalizados a finalmente aceitar as condições da Unimed. No início desta campanha, e ainda continua assim, o presidente da Apufsc usou, para não dizer que se escondeu atrás, um brilhante assessor técnico para hostilizar e tentar descaracterizar um trabalho sério e dedicado que vinha sendo realizado. Trabalho sujeito a erros e críticas, porém, nunca deveria ser classificado como irresponsável. Deslealdade e oportunismo. Percebendo o equívoco de utilizar um ex-funcionário da Unimed Florianópolis como seu fiel escudeiro (quem percebeu? O presidente ou a própria Unimed?), o presidente em pessoa sai a campo, melhor assim.
Cabe ainda ressaltar que todas as decisões tomadas na gestão passada foram respaldadas por reuniões da comissão para assuntos de Unimed composta por sindicalizados, reuniões públicas amplamente divulgadas e, por fim, submetidas à aprovação de assembléia, como manda o regimento. Condição essa que o atual presidente não tem a menor noção ou referência do que significa. Contraditória e falsa é a afirmação de que “estávamos negando o direito de cada colega de escolher o que mais lhe convém” ou o “direito de escolha para o amplo conjunto de milhares de colegas”. Ora, quem estava negando? O presidente cai em contradição atribuindo à diretoria anterior a sua própria lógica. Até esse momento, quem tomou a decisão foram os sindicalizados. Temos que tomar decisões que tragam benefícios para o conjunto dos sindicalizados e para isso o sindicato possui instrumento regimental.
Prova desta contradição é que até agora nenhum detalhe das negociações tinha sido publicado, descontadas as bravatas e mentiras, muito diferente da gestão passada em que os boletins traziam detalhadamente quais eram as nossas alternativas. Bravatas sobre “novos métodos de negociação” e no final 21% de reajuste, reduzido para 19%, a diferença de 2% inclusive não significando R$ 207.107,55, como mencionado no boletim (exercício de aritmética). Porém, o mais grave é o fato, omitido, de que esses 2% foram frutos da negociação para implantação do novo plano, Uniflex. No artigo, o presidente comunica que teremos (teremos?) o polêmico plano Uniflex. Onde e quando essa decisão foi tomada? Pelo contrário, temos decisão de assembléia (dia 05/10/06) que diz que não vamos fazer plano Uniflex. E mais, essa decisão foi tirada única e exclusivamente da cabeça do presidente e seu assessor, a revelia da própria diretoria da Apufsc. Achei eu que quando o presidente esbravejava no sindicato, dizendo que a assembléia só aprova “m…” e ele não é obrigado a acatar, era apenas mais uma bravata.
Provavelmente, o presidente vai dizer, ou na verdade já disse, que está respaldado pela enquete realizada. Desnecessário dizer que enquete não substitui decisão de assembléia. Mesmo assim, é importante comentar a tal enquete. Do ponto de vista metodológico ela é sofrível, principalmente em se tratando de pesquisa entre professores pesquisadores. É uma pesquisa para se chegar aos resultados que se deseja. Uma pesquisa em que a pergunta induz a resposta do pesquisado sequer é idônea, como é o caso da questão relativa ao Geap (sem contar a propaganda enganosa de que ele está quebrado), portanto, é inaceitável. Um questionário mais consistente deveria iniciar perguntando: você está contente com o seu plano de saúde? Quais os principais problemas que você tem enfrentado? Quanto tempo, em média, você leva para conseguir uma consulta com o médico da sua escolha? Você acha que com o Uniflex a qualidade dos serviços vai melhorar? (Acha mesmo?)
O problema é que a referida pesquisa vem sendo utilizada como instrumento na promoção da divisão interna do sindicato, quem viu as mensagens fazendo o “chamamento para responder o dito cujo para fortalecer o presidente” sabe que isso é verdade. A continuar neste caminho a única ganhadora será a Unimed, governo, etc. Ruim para o sindicato.
Com relação a termos plano regulamentado ou não, me parece que muitos sindicalizados estão sendo induzidos a erro. A explicação relativa ao que significa plano regulamentado tem sido distorcida. Perguntar ao professor se ele quer um plano garantido por lei ou um não garantido, a resposta é óbvia. Ora, não é essa a questão. Planos regulamentados – Uniflex –, devem funcionar de acordo com a lei 9656/98. Plano não regulamentado – Uniplan –, não opera nos termos desta lei. Porém, todos os termos do atual contrato são garantidos pelo código de defesa do consumidor, portanto, não significa que estamos desprotegidos ou que não existem regras. A nossa assessoria jurídica tem dito, por exemplo, que muitas vezes é mais fácil trabalhar, na defesa dos nossos direitos, utilizando o referido código. Portanto, não é este o problema central.
Ambos os tipos de planos apresentam vantagens e desvantagens. A grande vantagem dos planos regulamentados é a maior cobertura de procedimentosd+ neste caso, está absolutamente correto o presidente da Apufsc. Porém, em ambos os planos, vai aparecer a cláusula do equilíbrio financeiro. Obviamente, o equilíbrio financeiro depende da relação entre o que é pago e o que é gasto. É de se questionar a honestidade dos argumentos que tentam induzir os sindicalizados a pensar que migrar para o Uniflex resolverá esta questão, como na frase “as razões do déficit é termos um plano defasado…”. Ora, como é que iremos para um plano com maior cobertura sem aumentar o déficit? Não está sendo dito com clareza ou com transparência que o déficit no Uniflex será equacionado ou evitado mediante o aumento das mensalidades, aplicação de mensalidades por faixa etária e/ou implantação do mecanismo de co-participação, só possíveis no Uniflex (pode até ser que, nesse momento, ardilosamente, esta questão seja minimizada). Neste ponto, voltamos ao questionário e à questão da decisão de assembléia, em que ambos apontam para a mesma direção: os sindicalizados não querem co-participação. É por este motivo que o presidente, diferente do que disse anteriormente seu brilhante assessor, não tocou neste ponto no seu artigo. Mas certamente, esta é a carta na manga. O sindicalizado deve ficar atento, porque ao migrar para o Uniflex poderá ter problemas com a inclusão de dependentes. A lista de dependentes atual pode não ser aceita para a inclusão no Uniflex, porque as regras são diferentes. Portanto, a questão Unimed exige debate mais amplo. De qualquer forma, fica evidente que teremos que discutir a racionalidade de uso do plano, visando equacionar adequadamente a questão do equilíbrio financeiro.
A contratação de uma assessoria jurídica incomoda o presidente da Apufsc. Curioso, achei que incomodaria apenas o presidente da Unimed. Até ai, mais uma das contradições do presidente. Agora, usar argumentos ardilosos e pouco idôneos para tentar atacar a contestação judicial é demais, até porque é um grande desrespeito à própria assessoria jurídica que estaria ganhando para fazer errado. Marca registrada, ele usa argumentos apelativos que visam jogar sindicalizado contra sindicalizado e todos contra a ação judicial. Dizer que quando ocorre um ganho judicial, ingenuamente, todos pagam e isso é um problema, é afrontar a nossa capacidade de raciocínio. O nosso e qualquer outro plano de saúde baseia-se na solidariedade. Todos pagam, mas nem todos usam da mesma maneira. Todo e qualquer procedimento, coberto pelo plano ou via judicial, é pago por todos. Também seria assim no Uniflex. Ingenuidade é querer induzir o erro de raciocínio com argumento tão estúpido.
Como tenho certeza que os leitores, a esta altura, já estão cansados, deixarei para responder a questão dos déficits anteriores e mostrar dados estatísticos sobre o uso do plano (com TODOS os usuários) em um próximo artigo.