Em primeiro lugar, gostaria de dizer que a minha preocupação maior é quanto ao fato de que a força que está sendo aplicada ao nosso movimento é centrífuga e deveria ser centrípeta. A ação deveria ser agregadora e não desagregadora.
No último Boletim da Apufsc foi publicado um artigo que faz considerações sobre o nosso plano com a Unimed. Foram feitas algumas colocações que merecem correção – ou porque não correspondem à verdade ou porque foram colocadas de maneira distorcida. Um dos pontos que merecem correção é a informação de que temos dois reajustes anuais. O contrato atual é o mesmo de sempre, ou seja, vem de muitos anos. Nele consta apenas uma data para reajuste: setembro/ outubro. Porém, sempre existiu no mesmo uma cláusula que prevê a intervenção em caso de desequilíbrio financeiro do plano, o que nos obriga, na prática, caso o plano seja deficitário, a reajustar as mensalidades.
Para se avaliar se existe déficit ou não, é preciso um acompanhamento técnico do plano, mediante avaliação de dados. Acontece que, até 2003, a Unimed não vinha trabalhando esta questão, até por limitações técnicas da mesma. A partir deste ano, 2003, passou a exigir que este procedimento fosse realizado. E os índices apresentados, todos devem se lembrar (amplamente divulgados nos boletins), eram bastante elevados. Foi nesse momento, na gestão passada, que nós, sindicalizados, com base em um trabalho cuidadoso da diretoria anterior e da Comissão pró-assuntos da Unimed (existe faz muitos anos, composta por sindicalizados que não são membros da diretoria) empreendemos diversas ações visando equacionar melhor esta questão. Assim, um primeiro passo foi exigir, inclusive através de ação judicial, a entrega dos dados necessários sobre a movimentação do plano. A diretoria da Apufsc passou a receber relatórios de movimentação e os sindicalizados passaram a receber os extratos de movimentação individual, possibilitando, então, o acompanhamento do plano de uma forma técnica, criteriosa e clara (o professor Clóvis talvez não se lembre, pois ainda não estava na Universidade nesta época.). Periodicamente, a diretoria anterior e membros da Comissão Apufsc/Unimed se reuniam, respeitosamente, embora por vezes a tensão fosse inevitável, com funcionários da Unimed para discutir e avaliar os dados, e os resultados destes estudos foram amplamente divulgados no Boletim. Tenho certeza que os funcionários da Unimed, Eduardo Pedrini e Edson Cascaes, também avaliam os fatos desta forma.
Neste ponto, cabe aqui destacar que, boa parte dos problemas que nós há tempos estamos enfrentando se origina do fato de que a Unimed vem nos pressionando para encerrar o nosso Uniplan (modalidade atual do plano) e migrarmos para o Uniflex (plano regulamentado). Modalidade essa em que as mensalidades podem ser cobradas de acordo com a faixa etária do usuário, e que, pelos dados disponíveis, chega-se a pagar mensalidades até cinco vezes maiores. Por diversas vezes, em várias assembléias inclusive, nós já discutimos e decidimos esta questãod+ avaliamos que não é do nosso interesse migrar para o plano novo. Também já avaliamos que não é interessante criar essa nova modalidade em paralelo com a manutenção do plano antigo, pois, com o tempo, vamos perder a nossa capacidade de defender o Uniplan e, portanto, a nossa capacidade de mantê-lo. Obviamente, toda decisão pode ser reavaliada, porém não existe fato novo.
No entanto, a grande novidade apresentada parece ser exatamente este mesmo cardápio, só que agora como resultado de uma grande negociação e concessão da Unimed, mediante novos métodos de diálogo. O sindicalizado deve conferir essa questão. Além da apresentação desta proposta, foi mencionado que uma situação irregular foi corrigida e que o reajuste de abril não aconteceu por esse motivo. Em primeiro lugar, a cláusula, equilíbrio financeiro, ainda, obviamente, permanece no contrato. Em segundo, consultamos vários técnicos da ANS, os quais sempre afirmaram que esta cláusula existe em todos os contratos e é legal. A nossa assessoria jurídica vinha trabalhando na verificação desta questão. Ainda, o índice para o reajuste visando equilibrar o plano, a ser aplicado no mês de abril, foi de 2,1%. Por ser um valor baixo, foi deixado para a revisão a ser realizada em setembro. Dependendo de como for realizado este cálculo, poderemos ser penalizados com reajustes maiores.
Também vale a pena mencionar que a contratação de uma assessoria jurídica para tratar especificamente da questão plano de saúde possibilitou que muitos de nós sindicalizados, em situações bastante dramáticas, como por exemplo em tratamento de câncer, problemas cardíacos graves, entre outros, pudessem receber o tratamento que necessitavam, e mereciam, sem arrastar definitivamente sua situação financeira para o buraco.
Por fim, tentar desmoralizar o Geap (a quem interessa? À Apufsc ou à Unimed?) numa situação de negociação com a Unimed, também me parece um grande equívoco. Desmerecer o trabalho que foi realizado até aqui, também considero um grande equívoco. Não acredito que a atual diretoria da Apufsc avalia que seja do nosso interesse.