Depois de praticamente um mês de protestos, mobilizações e finalmente greve de estudantes, funcionários e professores das três universidades públicas de São Paulo (USP, Unesp e Unicamp), o governador José Serra acabou cedendo. Na última quinta-feira, dia 31, foi publicado no Diário Oficial uma reformulação dos decretos sobre a questão da autonomia universitária. De acordo com o vice-presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia, os novos textos atendem em boa medida as reivindicações.
Segundo Miraglia, pela nova redação, ficou garantida nos decretos a autonomia das universidades no manejo dos seus recursos, foi revogado o artigo que vetava novas contratações, foi retirada a cláusula que instituía o controle do Executivo sobre contratos de serviços, e a negociação salarial continuará a ocorrer entre funcionários e conselho de reitores. “Em uma análise preliminar, podemos dizer que o novo texto é, sem sombra de dúvida, um avanço. Foi uma grande vitória do movimento de resistência”, afirma o diretor da Adusp. Mas a posição final da categoria deve ser acordada apenas na última sexta-feira, dia 1º, quando ocorrerá uma reunião com os três reitores das estaduais em Campinas.
Já os estudantes da USP, que ocupam a reitoria da universidade desde o dia 2 de maio, se reuniram no final da manhã desta quinta para elaborar uma nota também preliminar sobre seu posicionamento, já que a decisão final sobre os rumos dos protestos e a avaliação das modificações dos decretos pelo governador acontecerá na sexta.
De acordo com anota dos estudantes, “o governo, através do decreto declaratório, sinalizou que começa a entender a importância da autonomia universitária, legitimando o movimento que, desde o início, denunciava o seu ataque. O movimento compreende que o referido decreto, publicado hoje, dia do ato em defesa da universidade pública, acena o início de um processo de diálogo e negociação do Governo do Estado de São Paulo, representado pelo atual governador José Serra, com o movimento grevista”.